O emblemático filme “Ainda estou aqui” que, neste domingo, atraiu olhares do mundo para o Brasil, revela uma página ainda muito dolorosa da nossa história. O filme sensibiliza as gerações que viveram os horrores da ditadura e as que souberam dela por versões que lhes chegaram.
As duas décadas de perseguição, tortura e “desaparecimentos” nunca serão apagadas da memória do povo brasileiro. Porém, algumas representações político-sociais, especialmente as inspiradas no fascismo, continuarão tentando legitimar esse triste período, incentivando o preconceito, a desinformação e o ódio pelas diferenças.
Por isso, o papel da arte é fundamental na leitura da história. De acordo com Vigotski (*), um dos maiores teóricos da educação do século XX, “a arte é o social em nós”. Ela nos permite fruir a beleza da vida e, ao mesmo tempo, nos conectar com a realidade que a destrói.
Saudemos, pois, Fernanda Torres, Walter Salles e o cinema brasileiro por esse merecido destaque internacional para o resistente espírito de nossos/as lutadores/as pela democracia e a memória histórica. Os/as que aprendemos com eles, continuaremos aqui.
Juçara Dutra Vieira
Presidenta do PT /RS
(*) VIGOTSKI, L. S. Psicologia da Arte. SP: Martins Fontes, 1999.
