O presidente Lula entregou ao Congresso um projeto de lei que pode mudar o imposto de renda no país. A proposta isenta do IR quem ganha até R$ 5 mil por mês e cria uma nova alíquota para rendas acima de R$ 50 mil mensais. Segundo especialistas, essa mudança aproxima o Brasil de modelos tributários mais justos, adotados por países desenvolvidos.
“Países mais igualitários, como os mais desenvolvidos da Europa, tendem a tributar de maneira mais progressiva. O Brasil, fazendo essa mudança, vai se aproximar desses países”, avalia a economista Clara Brenck, da UFMG.
A medida também prevê descontos no IR para quem recebe entre R$ 5 mil e R$ 7 mil e amplia a tributação sobre os mais ricos. Hoje, altos rendimentos, como dividendos, são isentos. Com a mudança, a isenção do IR alcançará 10 milhões de brasileiros/as, enquanto a tributação sobre os mais ricos afetará cerca de 0,13% dos/as contribuintes.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destaca que a reforma traz um debate essencial. “O grande mérito dessa proposta é que ela abre uma avenida para a gente discutir justiça tributária”, afirmou.
A desigualdade de renda no Brasil é uma das maiores do mundo. Dados do IBGE mostram que os 10% mais ricos ganham, em média, 14,4 vezes mais que os 40% mais pobres. O governo aposta na aprovação do PL para corrigir distorções e tornar o sistema tributário mais justo.
Para especialistas, tornar o imposto de renda mais progressivo é essencial para enfrentar a desigualdade. Além disso, apontam a necessidade de corrigir pela inflação as faixas de tributação ao longo do tempo, garantindo que a mudança continue beneficiando quem mais precisa.
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
