Ocorre hoje, em Porto Alegre, com a presença da ministra Marina Silva e do ministro Márcio Macedo, a Plenária do Bioma Pampa. As grandes catástrofes climáticas que vivemos no RS e no país dão atualidade e relevância ao tema. Não se trata, porém, só de enchentes e queimadas: trata-se da necessidade de debater e de incidir sobre o modelo de desenvolvimento que amplia e confere dramaticidade aos fenômenos climáticos.
Veja-se, por exemplo, em que consistiram os “ciclos econômicos” no Brasil: pau-brasil, cana-de-açúcar, ouro, algodão, café, borracha, soja… Extrativistas, monoculturais, concentradores de renda, baseados na exploração do trabalho, produziram impactos sociais e estruturais na sociedade brasileira. Foram oportunidades intencionalmente perdidas de beneficiar o povo brasileiro. Caracterizaram-se por destruir os espaços da população nativa, introduzir mão-de-obra escravizada, posteriormente trabalho subvalorizado, criar oligarquias políticas, utilizar o Estado em favor delas (lembremos do governo comprando excedentes de café para jogar ao mar e, assim, manter o preço para os produtores).
É imperioso ter políticas para reparar e prevenir novas tragédias. Para isso, porém, é necessário que o governo federal não fique refém do Congresso Nacional, que sequer votou a MP que instituiu a Secretaria Extraordinária de Reconstrução do RS. Essencial, também, que os/as prefeitos/as e governadores/as cumpram a sua parte e que a sociedade amplie sua mobilização, educação e punição de responsáveis por ações predatórias, como os incêndios criminosos.
A natureza nem sempre pergunta, mas sempre responde. Cedo ou tarde. Isso, porém, não depende dela. Depende dos compromissos que esta geração assume com as que virão.
Juçara Dutra Vieira
Presidenta do PT-RS
