O número de assassinatos ligados a conflitos agrários caiu 72% desde 2023, início do terceiro mandato do presidente Lula. A redução foi de 47 mortes em 2022 para 13 em 2024 — menor número em uma década, segundo relatório da Comissão Pastoral da Terra (CPT), divulgado nesta quarta-feira (23).

A queda está ligada à reconstrução de políticas públicas voltadas à mediação de conflitos e à reforma agrária. “Mas só ficaremos satisfeitos quando for zero (mortes)”, afirmou o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), Paulo Teixeira. O ministro destacou que os dados refletem a retomada de órgãos desmontados pelos governos anteriores e a criação da Comissão Nacional de Enfrentamento à Violência no Campo.

Com Lula, o MDA e o Incra voltaram a atuar com firmeza pela paz no campo. Estão previstas 30 mil novas famílias assentadas em 2025 e mais 26 mil em 2026. Apenas neste ano, já são 15 mil. “Fazemos um trabalho muito intenso de mediação e de reforma agrária que, este ano, terá a melhor entrega da série histórica do país”, anunciou o ministro.

Para Paulo Teixeira, o Brasil ainda vive as consequências de um “governo autoritário, conivente com a violência no campo”, mas passa por um processo de reconstrução democrática: “Num governo autoritário os conflitos diminuem por medo e as mortes aumentam porque é violência pura. Em um governo democrático diminuem as mortes e aumentam os conflitos, porque aumentam as expectativas e a luta pela terra passa a ser legítima”.

Mesmo com os danos herdados do governo Bolsonaro, o Incra entregou seis mil assentamentos em 2024. “Isso se a gente não conseguir novos recursos pois estamos batalhando para novos recursos humanos. Então serão 60 mil assentados e 300 mil integrados ao programa da reforma agrária”, concluiu.

A CPT registrou também que os conflitos no campo caíram 2,9% entre 2023 e 2024. A disputa por terra ainda é o principal motivo, presente em 78% dos casos.

Foto: Ricardo Stuckert / PR