O título da nossa coluna de hoje pode parecer muito forte, mas infelizmente, é uma realidade e precisamos enfrentá-la. A violência e os crimes contra a vida das meninas e mulheres é uma constante na realidade brasileira e precisamos denominá-la. Ela é fruto das relações de poder construídas historicamente em que homens acreditam que sua humanidade é maior do que as mulheres. Em síntese, isso é o Machismo. Na nossa coluna de hoje, vamos tratar dos crimes de feminicídio cometidos no período natalino e como tal crime está diretamente relacionado a uma cultura de ódio contra as mulheres.
Justamente no período de festas de final de ano, época de celebração da vida, de inúmeras reflexões sobre os feitos do ano corrente e os desejos do que virá, tivemos casos brutais de feminicídio em nosso país. Observamos pelo perfil dos feminicidas que são homens que não sabem lidar com frustrações, com términos de relacionamentos, e em última instância exercem sua violência com demonstração de poder sobre outra vida. Em nosso país, temos uma produção de leis importantes para com o enfrentamento da violência contra as mulheres. Em 2006, com a Lei Maria da Penha e 2015, com a tipificação do feminicídio definido como um homicídio em contexto de violência doméstica/ familiar ou em decorrência do menosprezo ou discriminação à condição de mulher. Infelizmente esse crime, em uma grande parcela dos casos, é praticado por alguém do convívio da vítima, em locais como sua própria casa ou espaços de sua circulação. E é um crime anunciado, esses feminicídios demonstram seu ódio contra as mulheres com ameaças, e violências diversas e precisamos identificá-las, a fim de evitar esse crime brutal contra nossas meninas e mulheres.
Em pesquisas recentes, como o Atlas da Violência 2020, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), verificou-se dados importantes entre 2013 e 2018, como o índice de casos cometidos no ambiente doméstico. Em um contexto de pandemia, onde o isolamento social é uma orientação importante para o controle do COVID 19, é neste lugar que as mulheres estão mais inseguras. No mesmo intervalo de tempo, houve um aumento de 25% nos assassinatos de mulheres por arma de fogo dentro das residências.
Neste contexto de diversas crises, desde a sanitária até a política, nós mulheres estamos mais vulneráveis. Estamos desassistidas de políticas públicas de enfrentamento à violência contra as mulheres em nosso país, nosso estado e nossos municípios. Estamos diante de governos não comprometidos com a vida da maioria da população, que é composta por meninas e mulheres. Precisamos romper com o silêncio e exigir medidas de proteção para a prevenção da morte de mulheres. Precisamos de políticas públicas que contemplem as necessidades locais, que sejam eficazes na preservação da vida e da dignidade das mulheres e que sejam permanentes independente dos governos. Pela vida das mulheres, seguiremos!
*Suelen Aires Gonçalves é Secretária de Mulheres do PT-RS
Esse artigo não necessariamente representa a opinião do partido.
